quarta-feira, 29 de abril de 2009

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Claro que tudo ali não passou de uma alucinação. Carlos não é e nunca será um assassino. Quando acordou percebeu que estava sentindo uma forte pontada no traseiro, onde um quarto traveco, que estava escondido, lhe atingira com um dardo lançado por uma zarabatana. A droga fez o diabo alucinar novamente, como quando banhou-se na tina de Vilma. Novamente sonhou com um indivíduo frio, capaz de realizar qualquer absurdo. Era o inconsciente de Carlos se manifestando, revelando o homem que, lá no fundo, ele sempre almejou ser. Vez em quando dava uns pescoções em Gérson ou algum corno que lhe cruzava o caminho, mas matar? Jamé! Percebeu que estava solto, nem os animais siliconados temiam ele. De certa forma era um alívio, pois imaginou que o tal líder - e era para ele que os lacaios estavam levando Carlos na caminhoneta - deixasse-o partir quando percebesse que era inofensivo como uma pomba gorda. Quando retomou completamente a sanidade, se é que isso era possível àquela altura, ele até reconheceu um dos demônios. Era um velho amigo, o Bilica, que jogava futebol com ele na infância e ficou feliz por ele, pois parecia gostar da posição que se encontrava. O julgamento se aproximava, mas Carlos sacolejava no automóvel com a mente vazia.

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