quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

25

O banho de Vilma foi realmente primoroso. Enquanto descia a pinguela que ligava o centro ao boteco, uma auto-confiança prodigiosa foi tomando conta do corpo de Carlos. O que antes se tratava de um reles diabo, a cada passo em direção ao calamitoso centrinho daquele buraco, ia se tornando num incrível satanás. Nessa explosão de confiança, nosso herói passa a agir como um predador descerebrado e resolve acertar as contas com Eusébio naquele momento. Se irritou com o negro e bradou para a cidade:
"Aquele edifício humano e sua obsessão por animais, pro inferno! Ele e seu passarinho colorido, esse crioulo vai ver!". Mas esse não era Carlos. Normalmente iria atrás do pássaro, cagando sua dignidade para se ver longe de problemas. Talvez algo saíra errado no banho de sabugueira, provavelmente seu corpo tenha ficado "aberto" e uma entidade enfurecida se apossou do verme.
E lá foi o pobre diabo, ao encontro de Eusébio. Foi entrando sem cerimônia no zoologico particular do passarinheiro. A medida que ia cruzando as centenas de gaiolas, os animais se arrepiavam e gritavam. Os espirítas acreditam na sensibilidade animal para com as entidades, vai saber. Depois de decifrar um labirinto de jaulas e pocilgas achou a casinha de Eusébio. Por uma fresta na janela, Carlos espreitou e se deparou com o enorme negro, de costas e nu, com sua bunda preta e peluda. Sentiu ainda mais ódio e nojo. Até mesmo uma alma livre de qualquer pudor como Carlos se assombrou com o que viu em seguida. Eusébio tinha um espécie de braço entre as pernas, um cacete tão enorme que não poderia ser humano e trazia um pavão branco empoleirado no membro. Berrando, o furioso diabo irrompe pela janela, assustando Eusébio e o bicho, que apertou a tora do negro com voracidade, arrancando uma lasca do couro da enorme jeba.

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