quarta-feira, 11 de março de 2009

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Quando preparava-se para violar a donzela, um grito veio da rua. Era como se estivessem torturando um animal. Tratava-se de uma mulher e o instinto fez Carlos correr, mesmo trajando apenas um shorts que usava para dormir, para fora do apartamento. Não acreditou quando viu Clodoalda cambaleando até desmaiar no meio-fio. O estrondo abalou o cascalho e fez Carlos desesperar-se. Uma rachadura, que já não se sabia se sempre estivera lá ou se era fruto da hecatombe, encontrava-se embaixo do corpo que, mesmo vivo, jazia sobre o concreto. Era preciso que alguém avisasse Jaci e Carlos, sem pensar, disparou semi nu rumo à barraquinha da Clodô, onde esperava encontrar a herdeira da magnifica criatura que agora parecia estar lutando contra a Dona Morte. Carlos imaginava que só ela poderia saber como proceder naquela situação, já que um guindaste para levá-la ao hospital estava fora de questão. Ao chegar na charneca de Clodô, Carlos foi avisado que Jaci estava longe, tinha ido ao campo colher girassóis. Carlos continuou no seu périplo, corria como o maior dos bastardos e não percebia que a cada passo aproximava-se mais e mais do terreno baldio onde acordou naquele dia. E estava com os mesmos trajes diminutos.