segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

19

Estupefato, nosso herói demorou a digerir que tão facilmente havia se livrado da pena com Eusébio e por tabela com os pais de santo. Declarou a Éder não crer em tamanha sorte, mas o amigo o convenceu de que Eusébio era sábio e de palavra. O compadre, em comemoração ofereceu uma boa cana envelheciada ao ressuscitado Carlos, que recusou. Para reconstituir sua noitada fatídica era necessário estar sóbrio. A investigação, porém, estava apenas começando. Já sabe que bebeu a tarde inteira, foi ao Galo Fêmea e deveria ter ido ao Gangas com Eusébio. Onde foi parar? Quem seria a mulata esquizofrênica que o abordou na vala? Quem o espancou até ser dado como morto? Muitas perguntas sem respostas. Olhou novamente o poema, era horrível. O papel que ainda não havia lido era uma aposta no jogo do bicho da banquinha da Clodoalda, uma gorda funesta de 220 quilos. Por fim, o papel com o telefone. Vai até o aparelho no balcão do bar e disca os oito números, rezando para que não seja algum barrabás que atenda. Enquanto chama, ele engole a "sebosinha", nome carinhoso dado à coxinha do Galo Fêmea, em duas dentadas. Estava deliciosa.

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