quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Buscando as últimas gotas de dignidade que lhe restavam, uma única lágrima escorreu em seu rosto. Seria este um índicio de alma? Ou tratava-se mesmo de um pobre diabo? Que desalmado que é, chorar seria impossível. Desculpou-se com Rita e lhe abraçou. Voltariam à cidade e com aqueles tostões, pegariam um transporte para a vila Vizinha, a prodigiosa Vila Pau no Cu, onde constataria se era mesmo ele o autor das atrocidades que Rita havia dito. O vilarejo Panambu tinha o singelo apelido pois era o antro dos veados e travecos da região, um buraco escuro e fedendo à porra- onde tudo era permitido - talvez nem tudo, pois Carlos havia chocado até mesmo os despudorados travecos. Se o líder deles estivesse furioso, Carlos estaria realmente encrencado, não há entidade viva ou em espírito que não temesse aquela aberração. Chegando ao centro, de mãos dadas, o casal cruza com Catzo. O gordo logo reconhece Rita de outra cidade e fica olhando fixamente para a mulatinha. Carlos nota o sete-cores no ombro do carcamano e assim, parecem se encarar, mas cada um tinha o olho no que queria.

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