terça-feira, 12 de maio de 2009

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Carlos estava confuso. Então o monstruoso líder que tanto maldiziam em sua vila não passava de um traveco fêmea, que apesar de muito feio, era perfumado e de fala doce? Lembrou-se de Gerson, que disse só tomar banho com desinfetante depois que resvalou no belzebu por engano.  Dona Vilma foi outra: "Jamais pise em Panambu sem ser convidado, Altair se perdeu por aquelas bandas e o líder quase lhe arranca as gônadas!". "Então não se lembra de nada? Deixa eu lhe contar". Ainda dentro d´água, Carlos relaxou e o medo foi embora.  Abel, que se apresentou como líder, começou sua narrativa. "Vou resumir. O senhor chegou aqui, louco da cabeça, badernando os domínios de Zélio...". Neste momento, o nome lhe foi familiar, Zélio Cancro, o líder de Pau no Cu, como esquecera? Abel continuou. "Pois bem, você azucrinou por todos os lados, enfurencendo nosso líder que mandou Bilica e os outros atrás de você. Depois de pego e entregue, Cancro se afeiçoou pela sua triste figura e viu em você, o que ele era nos anos 40." Abel perdeu os traços femininos e se enfureceu: "Zélio quis você para ele e isso eu não pude admitir! Eu, Abel, a bela do lixo, primeira dama do bueiro, que aguentei 15 anos esperando Zélio morrer, aguentando suas sandices e desejos hediondos, ser trocado por um filho da puta bebum que surge do nada, ah não!" Assim, Carlos soube que Abel degolara Zélio e assumira o puteiro todo. Logo depois, liberou Carlos, pedindo a Bilica que o deixasse na estrada.
"Ó!" disse Carlos, notando um fotinho de Clodô em um pequeno porta-retrato ao lado de um vasinho de flores. "Espero que não diga à mamãe onde estou, pois para ela, moro em Paris e sou empresário". 

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